segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


MEU TERCEIRO LIVRO JÁ ESTÁ A VENDA...
Essa obra é fruto de reflexões sobre a diversidade e as adversidades encontradas no sistema educacional brasileiro, que dificultam uma educação de qualidade para todos, ou seja, inclusiva. Nesse sentido, a escola pode ser vista como um espaço de formação do homem, que em meio a tantas (in)formações, afasta-se por vezes, da sua própria essência. É deixado ao leitor o desafio de um repensar pedagógico e humano sobre a diversidade. Portanto, não se pode mais pensar numa 'EDUCAÇÃO da DIVERSIDADE' ou 'INCLUSIVA' para TODOS, garantindo apenas o acesso e a permanência no ambiente escolar, mas também e, sobretudo, torna-se imprescindível, assegurar o direito à aprendizagem, respeitando as necessidades reais de cada um, sejam educativas especiais ou dificuldades em aprender. Destaca-se aqui uma interessante afirmação: Você cresce quebrando paradigmas. Esse é o objetivo maior dessa obra: que o leitor tenha o poder de decisão sobre suas antigas crenças e atuais práticas pedagógicas.

sábado, 15 de setembro de 2012

Mais uma vitória!!!


UM ‘RE’ PENSAR SOBRE A GESTÃO ESCOLAR


Sabe-se que a partir da década de 1980, o processo de democratização da sociedade impulsiona todo o sistema educacional brasileiro para mudanças significativas na área da gestão escolar. Com a promulgação da constituição Federal de 1988, ficou garantido como um dos princípios educacionais, a “gestão democrática do ensino público, na forma da Lei” (art. 206 VI). Em 1996, com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, o quadro institucional para a gestão da escola é reafirmado na forma democrática acrescida de denominadores como a participação dos professores e da comunidade e a autonomia pedagógica e administrativa às unidades de ensino[1]

De acordo com Paro(2000) mesmo garantido pela Legislação e reafirmado em propostas políticas dos estados, a gestão democrática nas escolas públicas permanece como bandeira constante de luta dos educadores, funcionários e da comunidade escolar, que tem se manifestado, por meio de entidades organizadas como as associações, sindicatos, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE -, fóruns em defesa da escola pública e também em outras formas não institucionalizadas. Esta luta permanente dos [2]educadores e da sociedade denota o distanciamento entre o pensar e o fazer, entre as atividades de concepção e as atividades laborativas.

Refletir sobre gestão na escola implica no alcance do objetivo final da mesma que é o ensino de qualidade que esteja preocupado com o ‘acesso/permanência e gestão democrática articulada em projetos’, na busca por uma educação PARA TODOS!. Daí, estarmos atentos às formas de articulação efetiva da gestão da escola nas diversas instâncias envolvidas e interessadas por esse ensino. Por outro lado, precisamos considerar a priori, certas reflexões que conduzem o planejamento proveniente de todo um processo mental tecido pelo homem, uma vez que este não dispõe apenas de ações racionais sem que haja reflexões; o pensar sobre um possível e viável fazer, o que acaba por justificar o planejamento em si mesmo. DALMÁS (1994:23), ao refletir sobre o ato de pensar, destaca:

 

Pelo pensamento (reflexão), o homem desenvolve níveis cada vez mais aprimorados de discernimento, compreensão e julgamento da realidade, o que lhe favorece uma conduta comprometida com novas situações da vida.

 

Pensamos que o homem antes de tomar partido frente à realidade concreta de sua vida, recolhe-se aos seus pensamentos, valores e atitudes afim de que se organize e discipline sua ação.

Desta forma, pode-se dizer que o primeiro momento de reflexão, no que tange a planejar é o pensar a realidade. VASCONCELOS (1997:12), considera que neste momento da reflexão o homem deve fazer-se dois questionamentos, relacionados a realidade a qual deseja transformar, sendo estes: “PARA QUE” interferir na realidade, que mudanças pretende alcançar e o “QUE” pretende que nela seja mudado, quais os aspectos na realidade escolar que estão incomodando-lhe e que por isso devem ser repensados. Assim, a sondagem da realidade torna-se a primeira etapa do processo de planejamento.

Um outro momento que norteia o planejamento consiste no pensar  finalidade dele, ou seja, os que planejam devem ter bem definido o que almejam transformar e o que esperam do futuro. Diante dessa intencionalidade os objetivos propostos para as mudanças, serão de relevante importância, pois, definirão o que se deverá esperar com a concretização do planejamento.

Contudo, cabe que os objetivos propostos sejam claros, concretos e de forma que expressem o que se quer alcançar, para que melhor conduza a dinâmica do processo de planejamento, como a sua execução. VASCONCELOS (op. cit., p.16), quando aborda mediação no processo que norteia o planejamento, destaca:

 

Uma ação reflexiva que norteia o planejamento, é quando busca-se construir mentalmente o caminho a ser seguido,ela traduz-se quando intrinsecamente elaboramos uma série de alternativas a serem seguidas, através das quais pretende-se chegar aos objetivos propostos. O resultado deste momento reflexivo é a produção de alternativas para o caminho a ser tomado.

 

Sendo assim, pensa-se que a avaliação do processo de planejamento deve ser a mais criteriosa e científica, para se evitar falhas na sua elaboração e estruturação. Havendo de uma certa forma, um confronto dos resultados alcançados com os resultados desejados.  Daí, a necessidade de considerar-se a mediação como fator importante que requer habilidades em criar estratégias que levem a superação das necessidades anteriormente constatadas. Nessa perspectiva, abre-se precedentes para uma nova forma de direção escolar, não mais submissa a hierarquização, o que dificultava a qualidade do ensino de um modo geral. Hoje, sabemos que o diretor exerce uma função de destaque na escola, a ele atribui-se a responsabilidade máxima quanto a consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais.

O testemunho da gestão na escola, não implica somente olhar a ótica do controle dos recursos financeiros ou humanos, bem como a garantia do cumprimento dos dias letivos e horas/aulas. A gestão democrática representa uma nova forma de administração, que rompe com a concepção de organização burocrática, assumindo a concepção de administração compartilhada e integrada totalmente à esfera pedagógica, com finalidade maior de desenvolver um ensino e aprendizagem que possa compor a vida do educando em todos os aspectos.

A gestão democrática pressupõe um trabalho coletivo, compartilhado, em que os envolvidos sintam vontade, desejo e principalmente compromisso com as ações educativas. Com isso, ela acaba por abrir a escola a comunidade para que todos discutam, opinem, contribuindo assim, para a construção do trabalho educativo e a dimensão política da função do administrador acaba por se revelar no momento da articulação dessas ações coletivas, procurando conduzir o projeto pedagógico da escola e priorizando as questões pedagógicas. Enfim, acredita-se que a gestão democrática significa a conquista da autonomia por parte do aluno, da família e da comunidade. Daí, a vantagem de uma administração escolar participativa, pois as decisões tomadas coletivamente não se referem apenas na ótica de democratizar a escola internamente, mas também fortalece a unidade escolar externamente.

A escola por se tratar também de uma empresa, embora com objetivos diferentes das tradicionais, pois, nela não se visa exclusivamente a produção de bem materiais, também tem sofrido inúmeras mudanças no que diz respeito ao seu processo administrativo. Dentro dessa nova perspectiva, surge o planejamento participativo, que visa descentralizar o poder na escola, mais do que isso busca propiciar a integração de todos os membros que compõe o universo escolar, através do que é chamado de Projeto Político Pedagógico (PPP).

Dentro desse processo que a escola vem passando está o papel do diretor escolar, que deixa de ter a função única de decisão, passando a ter a função de mediador do processo administrativo, é ele que conduzirá o nível de participação da comunidade escolar na construção do planejamento participativo. Cabe a ele junto com o seu corpo técnico e docente propor meios que não só sirvam para a integração dos agentes como também para a realização dos mesmos enquanto sujeitos e transformadores da realidade que os cercam. Contudo, essas inovações implicam em mudanças de concepções, tornando-se necessário que o diretor, corpo técnico, docentes, discentes e comunidade parem e reflitam sobre o que cada um pode contribuir para a qualidade do ensino, uma vez que todos devem ter consciência de sua responsabilidade pela melhoria do ensino.

Diante de tudo que foi lido e visto pela vídeo-aula, ressalta-se aqui a necessidade momentos de reflexões no que tange a racionalidade técnica predominante no envolvimento do administrador com a comunidade escolar na construção do planejamento participativo por uma gestão democrática. Portanto, acredita-se ser este, o momento desse profissional recolher-se em seus pensamentos, valores e preferências para que organize e discipline sua ação, uma vez que, como coordenador do processo de gestão, pode dificultar ou facilitar a implantação de procedimentos participativos.

 



 
1 LDB nº 9394/96, Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola; II participação das comunidades escolar e local em conselhos escolar ou equivalente. Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de
direito financeiro público.

A CONTRIBUIÇÃO DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

O processo de aprendizagem é pessoal, sendo resultado de construção e experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Dessa forma a aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento.
Ao aprender o sujeito acrescenta aos conhecimentos que possui novos conhecimentos, fazendo ligações àqueles já existentes. E durante o seu trajeto educativo tem a possibilidade de adquirir uma estrutura cognitiva clara, estável e organizada de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma forma.
O principal objetivo da educação é o de levar o aluno com um certo nível inicial a atingir um determinado nível final. Se conseguir fazer com que o aluno passe de um nível para outro, então terá registrado um processo de aprendizagem.  Cabe aos educadores proporcionar situações de interação tais, que despertem no educando motivação para interação com o objeto do conhecimento, com seus colegas e com os próprios professores. Porque, mesmo que a aprendizagem ocorra na intimidade do sujeito, o processo de construção do conhecimento dá-se na diversidade e na qualidade das suas interações.
Por isso a ação educativa da escola deve propiciar ao aluno oportunidades para que esse seja induzido a um esforço intencional, visando resultados esperados e compreendidos.

DESENVOLVIMENTO

A aprendizagem está envolvida em múltiplos fatores, que se implicam mutuamente e que embora possamos analisá-los separadamente, fazem parte de um todo que depende, quer na sua natureza, quer na sua qualidade, de uma série de condições internas e externas ao sujeito.

No entanto, para a Psicologia, o conceito de aprendizagem não é tão simples assim. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos leva a aprender um comportamento que anteriormente não apresentávamos um crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, ensino, etc. (BOCK, 1999, p. 114)

A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.
De acordo com Bock (1999, p. 117), o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem.
A abordagem cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa.
Bock (1999, p. 117) destaca que a aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva.
Já a aprendizagem significativa, segundo a autora, processa-se quando um novo conteúdo (idéias ou informações), relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado.
É necessário refletir que cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas que mobilizam o processo de aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa aprende a seu modo, estilo e ritmo. Embora haja discordâncias entre os estudiosos, estes são quatro categorias representativas dos estilos de aprendizagem.
O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa.

No nível social podemos considerar a aprendizagem como um dos pólos do par ensino-aprendizagem, cuja síntese constitui o processo educativo. Tal processo compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente (família), promovem a educação. Através dela o sujeito histórico exercita, usa utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de seu grupo de pertencimento. (PAÍN, 1985, p. 16)

Assim, na concepção vygotskyana, o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.
Segundo Vygotsky (1993 p.44), uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana.
Vygotsky (1991 p. 101) diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-volitiva. Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volutiva.

Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do individuo com o mundo está sempre medida pelo outro. Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos o ouro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta. Veja bem, Vygotsky defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando conforme o tempo passa ou recebemos influência externa. (BOCK, 1999, p. 124)

Com isso entende-se que o desenvolvimento do individuo é um processo que se dá de fora para dentro, sendo que o meio influencia o processo de ensino-aprendizagem.

Segundo a concepção de Vygoysky se a aprendizagem está em função não só da comunicação, mas também do nível de desenvolvimento alcançado, adquire então relevo especial – além da análise do processo de comunicação – análise do modo como o sujeito constrói os conceitos comunicados e, portanto, a análise qualitativa das “estratégias”, dos erros, do processo de generalização. Trata-se de compreender como funcionam esses mecanismos mentais que permitem a construção dos conceitos e que se modificam em função do desenvolvimento. (VYGOSTSKY, 1991, p. 2)

Pode-se afirmar que a aprendizagem acontece por um processo cognitivo imbuído de afetividade, relação e motivação. Assim, para aprender é imprescindível “poder” fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes.
Para ter bons resultados acadêmicos, os alunos necessitam de colocar tanta voluntariedade como habilidade, o que conduz à necessidade de integrar tanto os aspectos cognitivos como os motivacionais,
A motivação é um processo que se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente, seus professores e colegas. Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento.
A autora Bock (1999, p. 120) destaca que a motivação continua sendo um complexo tema para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino.
A motivação é um fator que deve ser equacionado no contexto da educação, ciência e tecnologia, tendo grande importância na análise do processo educativo.
A motivação apresenta-se como o aspecto dinâmico da ação: é o que leva o sujeito a agir, ou seja, o que o leva a iniciar uma ação, a orientá-la em função de certos objetivos, a decidir a sua prossecução e o seu termo

A motivação é, portanto, o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. A motivação está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade. (BOCK, 1999, p. 121)

Uma das grandes virtudes da motivação é melhorar a atenção e a concentração, nessa perspectiva pode-se dizer que a motivação é a força que move o sujeito a realizar atividades.
Ao sentir-se motivado o individuo tem vontade de fazer alguma coisa e se torna capaz de manter o esforço necessário durante o tempo necessário para atingir o objetivo proposto.
Bock (1999, p. 121) também afirma que a preocupação do ensino tem sido a de criar condições tais, que o aluno “fique a fim” de aprender.
Diante desse contexto percebe-se que a motivação deve ser considerada pelos professores de forma cuidadosa, procurando mobilizar as capacidades e potencialidades dos alunos a este nível.
Torna-se tarefa primordial do professor identificar e aproveitar aquilo que atrai a criança, aquilo do que ela gosta, como modo de privilegiar seus interesses.
Motivar passa a ser, também, um trabalho de atrair, encantar, prender a atenção, seduzir o aluno, utilizando o que a criança gosta de fazer como forma de engajá-la no ensino.
Bock, cita algumas sugestões de como criar interesses:

1. Propiciando a descoberta. Bruner é defensor desta proposta. O aluno deve ser desafiado, para que deseje saber, e uma forma de criar este interesse é dar a ele a possibilidade de descobrir.
2. desenvolver nos alunos uma atitude de investigação, uma atitude que garanta o desejo mais duradouro de saber, de querer saber sempre. Desejar saber deve passar a ser um estilo de vida. Essa atitude pode ser desenvolvida com atividades muito simples, que começam pelo incentivo á observação da realidade próxima ao aluno – sua vida cotidiana - , os objetos que fazem parte de seu mundo físico e social. Essas observações sistematizadas vão gerar duvidas (por que as coisas são como são?) e aí é preciso investigar, descobrir.
3. Falar ao sempre numa linguagem acessível, de fácil compreensão.
4. Os exercícios e tarefas deverão ter um grau adequado de complexidade. Tarefas muito difíceis, que geram fracasso, e tarefas fáceis, que não desafiam, levam à perda do interesse. O aluno não “fica a fim”.
5. Compreender a utilidade do que se está aprendendo é também fundamental. Não é difícil para o professor estar sempre retomando em suas aulas a importância e utilidade que o conhecimento tem e poderá ter para o aluno. Somos sempre “ a fim” de aprender coisas que são úteis e têm sentido para nossa vida. (BOCK, 1999, p. 122)

O professor deve descobrir estratégias, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, deve fornecer estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender.
Ao estimular o aluno, o educador desafia-o sempre, para ele, aprendizagem é também motivação, onde os motivos provocam o interesse para aquilo que vai ser aprendido.
É fundamental que o aluno queira dominar alguma competência. O desejo de realização é a própria motivação, assim o professor deve fornecer sempre ao aluno o conhecimento de seus avanços, captando a atenção do aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS



A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.
A estrutura cognitiva do aluno tem que ser levada em conta no processo de aprendizagem. Os conhecimentos que o aluno apresenta e que correspondem a um percurso de aprendizagem contínuo são fundamentais na aprendizagem de novos conhecimentos.
São os conhecimentos que o aluno já possui que influenciam o comportamento do aluno em cada momento, uma vez que disponibiliza os recursos para a aptidão.
É necessário refletir sobre o que é o conhecimento e perceber que é algo de complexo que deve ser entendido como um processo de construção e não como um espelho que reflete a realidade exterior.
O professor deve utilizar as estratégias que permitam ao aluno integrar conhecimentos novos, utilizando para tal métodos adequados e um currículo bem estruturado, não esquecendo do papel fundamental que a motivação apresenta neste processo.
As técnicas de incentivo que buscam os motivos para o aluno se tornar motivado, proporcionam uma aula mais efetiva por parte do docente, pois ensinar está relacionado à comunicação.
O ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, por isso é necessário conhecer como o professor ensina e entender como o aluno aprende, só assim o processo educativo poderá acontecer e o aluno conseguirá aprender a pensar, a sentir e a agir. Não há aprendizagem sem motivação, assim um aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir satisfeito.

REFERÊNCIAS

BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. 3ª edição. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989

LURIA; LEONTIEV; VYGOTSKY e outros. Psicologia e Pedagogia: Bases Psicológicas da Aprendizagem e do Desenvolvimento. São Paulo: Moraes, 1991.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

sexta-feira, 23 de março de 2012

AS CONTRIBUIÇÕES DA CLÍNICA PSICANALÍTICA AO ATENDIMENTO DA CRIANÇA e do ADOLESCENTE

 A Clínica Psicanalítica teve muitas mudanças com o passar dos tempos, porém, a condição que permaneceu imutável para uma análise, foi o vínculo de confiança entre analista e cliente ou ‘paciente’. O setting proposto por Freud foi readequado para atender às demandas de cada paciente e também de cada período histórico. Antes era uma exigência "sine qua nom" atender o paciente deitado no divã sem que os olhares pudessem se cruzar. Hoje, dependendo do paciente, o olhar deve estar presente, dando um sentimento de segurança e amparo onde o paciente sinta-se acolhido para falar. A partir de Winnicott, a relação estabelecida na clínica psicanalítica passa a ser de proporcionar um ambiente facilitador, nos moldes da primeira relação mãe-bebê, para o cliente. Podemos pensar que a relação estabelecida na clínica pode ser um protótipo, um simulacro, de todas as outras relações que se seguirão, e que, quando é suficientemente boa, traz uma relação de confiança que permanece na adolescência e na vida adulta. Tais relações criam um diálogo e uma escuta do outro que passa a ser seu fundamento; mas quando não é adequada pode trazer alguns sofrimentos psíquicos. Pensando sobre a adolescência, esta fase pode ser vista como um indicador de mudança de setting. O presente trabalho traz uma perspectiva clínica de uma paciente de 15 anos que não conseguia falar com as pessoas, que não tinha um lugar para falar, que não tinha quem a escutasse. O atendimento para ela passou a ser o ambiente facilitador para que ela pudesse, pela primeira vez, experimentar falar de si e assim ser vista.
Surgem assim alguns questionamentos como:
O que a clínica psicanalítica pode oferecer de diferente das outras conversas cotidianas?
Por que se faz necessário hoje o atendimento clínico com adolescentes?

quarta-feira, 21 de março de 2012

A educação inclusiva e a necessidade de competências e habilidades diferenciadas aos saberes docentes.

INCLUSÃO: AMEAÇA ou DESAFIO pela DESCOBERTA
INTRODUÇÃO
A inclusão escolar é um tema que vem sendo muito tratado nos dias atuais e nos faz refletir e analisar sobre a situação da educação brasileira em relação ao assunto, afinal será que os atores escolares estão preparados para conviver com as diferenças? Sabemos da grande diversidade da formação dos professores e me questiono quanto à qualidade da mesma, afinal são inúmeros os cursos que surgem aqui no Brasil, mas será que quantidade está ligada à qualidade?
Atualmente muito se tem se falado sobre competências e habilidades, sejam elas a serem construídas no aluno ou ainda, que devam possuir e/ou adquirir o professor, para desenvolver-se continuamente e ter sucesso na sua profissão. Um grande desafio da docência atual é o trabalho com alunos de inclusão, seja qual tipo de inclusão for, sabemos das imensas dificuldades do professor em se trabalhar com alunos de inclusão, seja devido à falta de estrutura ou principalmente a uma formação inadequada tanto inicial como continuada. CARVALHO (2004) afirma que é importante romper as barreiras como: uma má formação docente e a sua falta de preparo, a falta de recursos adaptados para se trabalhar com portadores de necessidades especiais. Entretanto, apesar das imensas dificuldades citadas, será que é fácil trabalhar com a inclusão? Por que não se prepara o professor para a realidade da sala de aula? Será que o ensino por competências auxilia no trabalho com alunos de inclusão?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Importância da Neurociência para a Aprendizagem e na Educação Formal

INTRODUÇÃO

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º determina que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001). A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, em seu documento elaborado pelo grupo de trabalho nomeado pela portaria nº 998/2007 entregue ao ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008, tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir acesso ao ensino regular com participação; aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Em suas diretrizes aponta a educação especial como uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades realizando o atendimento educacional especializado, disponibilizando os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado complementa e/ou suplementa a formação dos alunos e está organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, por professores especializados, de preferência na própria escola ou nos centros de atendimento especializados, antigas escolas de educação especial.Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à formação dos professores, objetivando favorecer a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a atender as necessidades educacionais de todos os alunos, ou seja, a escola hoje é inclusiva. Diante deste cenário educacional, nós educadores, temos em mãos grandes desafios: Como fazer esta inclusão? Será que estamos preparados? Como receber em nossas salas essa diversidade tão heterogênea de alunos? Será que a formação profissional dos educadores permite esse desafio?Novos tempos exigem o uso de conceitos e conhecimentos renovados. Nos últimos anos os estudos do campo das neurociências e de suas subáreas têm contribuído muito para melhor entendermos essa diversidade cerebral. O professor precisa compreender que existe uma biologia, uma anatomia e uma fisiologia neste cérebro que aprende. (RELVAS, 2009). Torna-se necessário, portanto, que o professor entenda o funcionamento do substrato neurobiológico para que possa ressignificar sua prática pedagógica. O objetivo maior deste artigo não consiste em detalhar essas bases neurobiológicas da aprendizagem, mas fazer uma reflexão com os profissionais ligados à educação e à aprendizagem em geral, sobre a importância de se conhecer essas bases como interfaces da aprendizagem, afinal, o cérebro, é, por excelência, o órgão onde se forma a cognição, o órgão mais organizado do nosso organismo. (MORIN,1996). É fundamental que educadores conheçam as estruturas cerebrais como “interfaces” da aprendizagem para a ininterrupção do desenvolvimento também biológico. E, para isto, os estudos da neurobiologia vêm contribuindo para as práxis em sala de aula, na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e sociais, no redimensionamento do sujeito aprendente e nas suas formas de interferir nos ambientes pelos quais perpassa. (RELVAS,2009). Sabemos que o educador utiliza rotineiramente estratégias pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem de sua disciplina. Todavia, embora atue nas transformações neurobiológicas que produzem aprendizagem e fixação do conhecimento na estrutura cognitiva da mente, em geral desconhece como o cérebro e o sistema nervoso como um todo funciona, com relevância na esfera educacional. (BARTOSZECK,2009). Por outro lado, os cursos de Pedagogia no Brasil não incluem no seu rol de disciplinas, Biologia Educacional ou Neurobiologia da Aprendizagem, com raras exceções (SCALDAFERRI; GUERRA,2002). Há preocupação no sentido de oferecer opções de curso de extensão sobre o tema aos profissionais da educação já no exercício de suas atividades. (GUERRA et al.,2004). Diante do exposto, Scaldaferri e Guerra, (2002) relatam que o que se observa no cenário educacional atual de atenção às diversidades, de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares, é que os professores, sobretudo aqueles da rede pública, não obstante as condições de trabalho desfavoráveis, muitas vezes conseguem perceber que o aluno apresenta algum tipo de problema de aprendizagem , porém, se vêem perdidos, do ponto de vista metodológico, por não terem tido formação específica de cunho neurocientífico para lidar com esses alunos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ACORDAR...


Você sabe o que significa ‘ACORDAR’? E se separarmos as sílabas assim:
A-COR-DAR ...    VIU? SIGNIFICA dar a COR. Colocar o CORAÇÃO em tudo que se faz. Existem pessoas que acordam às 18h. É isso mesmo! Pela manhã caem da cama e passam o dia dormindo. E existem algumas pessoas, acreditem, que passam a vida toda e não conseguem ACORDAR! Conheci uma pessoa que acordou aos 54 anos de idade. E disse:
- Cara descobri que estou na profissão errada! E ela já estava aposentando.
Imaginem que trauma que ele causou em si, em seus colegas e em sua família? Foi infeliz durante toda a vida profissional porque , simplesmente, não ‘ACORDOU’.Por mais cinzento que possa estar sendo o dia de hoje, ele tem exatamente a cor que dou a ele. Sabe por quê?... Porque a vida tem a cor que a “gente pinta”. O engraçado é que os dias são todos exclusivos. Cada dia é um novo dia, ninguém o viveu. Ele está ali, esperando que eu e você façamos com que ele seja o melhor de nossa vida. Os meus dias são os mais lindos da face da terra porque eu os faço assim: os mais lindos! Acredite em você! O Universo conspira a seu favor e Ele é o limite! Dê a você a oportunidade de A-COR-DAR...Todos os dias e compartilhar com os outros que DEUS nos dá de melhor: ‘O PRIVILÉGIO DE SER E FAZER OS OUTROS FELIZES’! - VAMOS  ‘A- COR- DAR’  na EDUCAÇÃO? (L.M.T)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Programa Litteratudo - TV Cidade Taubaté-SP - Divulga meu livro

O programa Litteratudo, apresentado, dirigido e produzido por Luiz Antonio Cardoso no último dia 27 gentilmente divulgou meu livro...Obrigado ao apresentador e também a sua equipe. Vejam o vídeo:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

IMPORTÂNCIA E EFEITOS DO CUIDADO MATERNO

RESUMO
Neste artigo, discute-se a naturalização de conceitos e práticas relacionadas à maternidade e aos cuidados maternos, associando-se sua construção social às modificações pelas quais a família tem passado, na Europa e no Brasil, a partir das transformações que permitiram a organização dos Estados modernos e acompanharam a instalação da ordem econômica burguesa. Enfoca-se a maneira como o discurso médico colaborou na promoção de novas formas de relação familiar pelo favorecimento de características específicas para o papel materno, destacando-se seus efeitos na instituição das novas configurações que os processos de subjetivação têm assumido na atualidade.
INTRODUÇÃO
A proposta deste artigo é discutir, a partir de uma revisão bibliográfica, a naturalização de conceitos e práticas relacionadas à maternidade e aos cuidados maternos, associando-se sua construção social às modificações pelas quais a família tem passado na Europa e no Brasil. Essas modificações articulam-se às transformações econômicas que permitiram a organização dos Estados modernos e acompanharam a instalação da ordem econômica burguesa, a partir do século XVII, em um amplo movimento de constituição das chamadas sociedades disciplinares (Deleuze, 1992). Nesta análise, a maneira como o discurso médico colaborou na promoção de uma nova forma de relação mães-filho, pelo favorecimento de características específicas para o papel materno, ocupa lugar central. Além disso, enfoca-se a participação da Medicina e também da Psicologia, em sua aliança com a família, na instituição das novas configurações que os processos de subjetivação têm assumido na atualidade.
A produção da subjetividade é tomada aqui como um processo que determina “a maneira de os indivíduos perceberem o mundo e apreenderem sistemas de valores e sistemas de submissão” (Carvalho, 1997), que modela, portanto, seus comportamentos, sua percepção, sua memória, sua sensibilidade e a forma como se relacionam. Parte-se, pois, da idéia de que, historicamente, o valor dado ao relacionamento mãe-criança nem sempre foi o mesmo, sendo que as variações que as concepções e práticas relacionadas à maternagem apresentam são produzidas por uma série de agenciamentos sociais, dentre os quais os discursos e práticas científicas assumem um importante papel.
Durante um longo período, a maternagem foi pensada como intrinsecamente relacionada à maternidade, como função feminina por excelência, concernente à natureza da mulher, embora alguns autores apontem para o fato de que essa dedicação da mulher ao papel materno deva-se muito mais “a uma transposição social e cultural das suas capacidades de dar à luz e amamentar” (Chodorow, 1990). Na verdade, diversas revisões históricas acerca da instituição familiar (Ariés, 1981, Badinter, 1985, Chodorow, 1990, Donzelot, 1986) sugerem que a exaltação ao amor materno é fato relativamente recente dentro da história da civilização ocidental, constituindo-se esse tipo de vínculo, tradicionalmente descrito como “instintivo” e “natural”, em um mito construído pelos discursos filosófico, médico e político a partir do século XVIII.
Quando o papel da mulher nessa relação é focalizado, a função biológica da maternidade deve ser, a princípio, distinta daquilo que se convenciona denominar cuidados maternos ou práticas de maternagem. Sobre essas práticas, a cultura nas diversas sociedades tem estabelecido convenções guiadas pela produção dos mais variados campos de conhecimento. É importante também lembrar que o papel materno deve sempre ser considerado de forma relativa e tridimensional, decorrendo daí a impossibilidade de compreender as modificações nele ocorridas sem fazer referência aos demais membros do microssistema familiar (pai-mãe-filhos).
Um breve histórico da Idade Média ao Renascimento: a transformação das práticas de maternagem na Europa
Badinter (1985), recuperou a condição de maternagem comum na Europa, especificamente na França, até meados do século XVIII. O fato é que ele identificou a desvalorização dada à maternidade em toda a Idade Média e mesmo na Antigüidade como relacionada à ênfase no poder paterno que acompanhava a autoridade marital. Portanto, o homem era, então, percebido como superior à mulher e à criança, diferença essa concebida como inerente à natureza humana, que o dotaria, pois, de uma autoridade natural sobre a esposa e os filhos. Assim, pode-se dizer que a constituição da família, diferia muito, até o século XVIII, das formas de organização encontradas posteriormente e que se tornaram predominantes no período moderno, caracterizadas por sentimentos de ternura e intimidade ligando pais e filhos ou pela valorização da criança. Se o homem ocupava então o lugar central da família, a condição da esposa equiparava-se à da criança, ou seja, era de submissão a sua autoridade. O casamento realizado por contrato, segundo as necessidades econômicas e as alianças políticas das famílias, inibia qualquer expressão de afetividade entre os cônjuges, sendo o amor conjugal considerado desnecessário a um bom casamento. Nesse contexto, a posição ocupada pela criança também diferia daquela experimentada posteriormente.
Ariés (1981), em trabalho no qual discute o desenvolvimento do sentimento de infância na Europa, sugere que seu aparecimento se relaciona às transformações pelas quais a família medieval teria passado até adquirir as características identificadas na modernidade. De acordo com esse autor, na Idade Média as crianças permaneciam vinculadas às suas famílias por pouco tempo, até entre os 07 e 10 anos, quando eram entregues a outras famílias (por contrato ou não) para receberem instrução na condição de aprendizes. A aprendizagem não se exercia na condição formal da escola, mas confundia-se com o exercício das tarefas domésticas cotidianas, sendo o convívio constante com os adultos parte desse processo.
O fato é que, assim que podia prescindir dos cuidados da mãe ou da ama, a criança passava à condição semelhante à do adulto, misturando-se a eles em todas as atividades sociais. A criança pequena não era tida em conta, o que, de acordo com Ariés (op. cit.) justificava-se em parte pela fragilidade física, que tornava sua sobrevivência pouco provável nas condições da época. Badinter (1985, p. 87), contudo, examinando a justificativa corrente ao desinteresse materno até o século XVIII, qual seja, a elevada mortalidade infantil no período (da ordem de 25% dos nascidos vivos) que não permitiria à mulher apegar-se a uma criatura com tão poucas possibilidades de sobrevivência, inverte essa afirmativa, questionando se não seria justamente a falta de apego das mulheres a seus filhos que determinaria a alta mortalidade.
Ainda Ariés (1981),  informa-nos que, já a partir do século XVII, algumas transformações indicam a emergência de um novo sentimento familiar associado à valorização da infância. Entre elas, podemos citar a modificação dos hábitos educacionais, passando-se da aprendizagem cotidiana exercida no ambiente doméstico à escolarização maciça da infância e a modificação da condição de transmissão de bens, passando-se a reconhecer a igualdade entre os filhos no direito à herança.
Essas modificações, porém, instauraram-se lentamente, não sem resistências, de forma que somente no último terço do século XVIII sua disseminação é mais evidente. O foco ideológico desloca-se progressivamente da autoridade paterna ao amor materno, pois a nova ordem econômica que passa a vigorar com a ascensão da burguesia enquanto classe social impunha como imperativo, entre outros, a sobrevivência das crianças.
Após 1760, inúmeras publicações passaram a exaltar o “amor materno” como um valor ao mesmo tempo natural e social, favorável à espécie e à sociedade, incentivando a mulher a assumir diretamente os cuidados com a prole. Dessa forma, em defesa da criança dois diferentes discursos confluíram para modificar a atitude da mulher perante os filhos: (1) um discurso econômico, apoiado em estudos demográficos, que demonstrava a importância do numerário populacional para um país e alertava quanto aos perigos (e prejuízos) decorrentes de um suposto declínio populacional em toda a Europa e (2) uma nova filosofia – o liberalismo – que se aliava ao discurso econômico, favorecendo ideais de liberdade, igualdade e felicidade individual (cf. Badinter, 1985). Já no campo das relações sociais, assistiu-se, a partir de então, ao desenvolvimento da noção de vida privada.
Estudos atuais mostram como a vida coletiva vai dando lugar a um espaço privado de vida. As casas modificam sua arquitetura para reservar aos indivíduos locais privados; os nomes se individualizam; roupas, guardanapos e lençóis ganham marcas, de modo a permitir sua identificação. A vida do trabalho sai da casa para a fábrica, modificando o caráter da vida pública. A casa torna-se lugar reservado à família que, em seu interior, divide espaços, de forma a permitir lugares mais individuais e privados” (Bock, 2001, p.19).
Diante disso, pode-se dizer que a relação conjugal modificou-se, uma vez que o antigo casamento por contrato não era conveniente aos novos ideais libertários e igualitários, passando o casamento por amor para a ordem do dia. A felicidade conjugal ganhou importância para a família e, ainda que a distinção entre homem e mulher permanecesse, a consciência social modificou-se em relação ao sentido da família e da infância, alterando profundamente as relações marido-esposa e pais-filhos.
Articulando-se aos interesses econômicos do Estado, um outro discurso proferido por médicos, moralistas, administradores e chefes de polícia reforçava a necessidade de a mulher ocupar-se com os filhos. Tal discurso baseava-se, principalmente, no argumento de que essa seria a forma “natural” de cuidados com a criança e, por isso, a mais adequada; uma vez que só a mulher era capaz de gestar e parir, seriam, pois, concernentes apenas à “natureza feminina” a educação e os cuidados com a prole.
De acordo com Donzelot (op. cit.), sobre a camada mais pobre da população incidia uma crítica pela ausência de uma “economia social”. A crítica dirigia-se tanto à prática da criação de filhos por amas-de-leite mercenárias quanto ao abandono de menores em hospícios. Ambas as ações tinham como conseqüência uma elevada mortalidade de indivíduos; a última, especialmente, exigia investimentos do Estado dos quais a sociedade extraia mínimo benefício posterior, pois a população carente atendida nos hospícios raramente chegava à idade adulta, quando poderia então compensar os investimentos do poder público através do trabalho. Em outro extremo, a crítica que incidia sobre a camada mais rica da população tinha um foco diferente, nesse caso dirigido à ausência de uma “economia do corpo”.
O fato era que a necessidade de sobrevivência das crianças requeria, também nos segmentos mais abastados da sociedade, a modificação de hábitos antigos, como o recurso ao aleitamento mercenário. Exigia, além disso, a alteração da forma como as crianças ricas eram educadas, em geral afastadas da família e reclusas em internatos e conventos até seu ingresso no mundo social adulto.
Em função das diversas críticas, “conservar a criança” significou, segundo Donzelot, (op. cit.) intervir nas famílias e reorganizar os comportamentos educativos em torno de dois pólos, com estratégias diferentes porque dirigidas a classes distintas da população. Nas camadas abastadas, o cuidado com a criança apoiou-se na difusão da medicina doméstica enquanto conjunto de técnicas que permitiram às classes burguesas retirar seus filhos da “influência negativa” dos serviçais, colocando-os sob o domínio dos pais – introduzindo, portanto, na família, uma “economia do corpo”, na qual a disciplina, através da vigilância e minucioso controle, ter-se-ia mostrado essencial. Já nas camadas populares, essa intervenção apoiou-se nas estratégias da filantropia que, distinguindo-se das formas de caridade exercidas no antigo regime, englobavam “todas as formas de direção da vida dos pobres com o objetivo de diminuir o custo social de sua reprodução” (Donzelot, 1986,p.22), ou seja, pela introdução de uma “economia social” que compreenderia o desenvolvimento de um extenso e coeso aparato de tutela a essas famílias.
Nos segmentos economicamente mais favorecidos da sociedade, a ligação entre médico e família teria produzido modificações profundas na organização familiar: o fechamento da família sobre si mesma, um controle maior sobre a educação e os hábitos de todos os seus membros, e a aliança entre o médico e a mãe que teria beneficiado a ambos – à mulher, promovendo-a socialmente em função do desempenho adequado de seu papel materno; e ao médico, que teve seu poder reforçado contra as antigas estruturas de tratamento e cuidados leigos, e também contra a disciplina religiosa e as formas tradicionais de educação (internato). Assim, se nas camadas altas houve a ênfase nos laços afetivos, nas camadas populares esses mesmos laços foram progressivamente desfeitos e substituídos pelas políticas sociais de intervenção. Nesses segmentos, as estratégias de intervenção ter-se-iam voltado muito mais para o “entrave de liberdades”, tais como o abandono de crianças (assumido ou não pelos pais), as uniões livres (concubinato) e as ações de mendicância e vagabundagem. Em tais famílias, observou-se um progressivo isolamento, operado pela redução de sua “extensividade com o campo social”, ou seja, pela desarticulação de antigas redes de relação e troca de favorecimentos. Uma vez isolada, tornou-se mais fácil ao complexo tutelar controlar a família em seus desvios (Donzelot, 1986, p.47).
Essas estratégias diferenciadas repercutiram em diferentes posicionamentos assumidos pela mulher e pela criança, conforme a classe social a que pertenciam, e seu sucesso permitiu a presença do Estado diante de cada indivíduo através da família, ou seja, a passagem de um governo das famílias para um governo através da família.
Com relação à mulher, especificamente, nota-se que, a partir do século XVIII e principalmente no século XIX, desenhou-se uma nova imagem de sua relação com a maternidade, segundo a qual o bebê e a criança transformam-se nos objetos privilegiados da atenção materna. A devoção e presença vigilantes da mãe surgem como valores essenciais, sem os quais os cuidados necessários à preservação da criança não poderiam mais se dar. A ampliação das responsabilidades maternas fez-se acompanhar, portanto, de uma crescente valorização da mulher-mãe, a “rainha do lar”, dotada de poder e respeitabilidade desde que não transcendesse o domínio doméstico.
Em contrapartida, nas classes favorecidas, a mulher passou a assumir, além da função nutrícia, a de educadora e, muitas vezes, a de professora. À medida, porém, que as responsabilidades aumentaram, cresceu também a valorização do devotamento e do sacrifício feminino em prol dos filhos e da família, que novamente surgiram no discurso médico e filosófico como inerentes à natureza da mulher. Assim, se por um lado as novas responsabilidades da mulher conferiam-lhe um novo status na família e na sociedade, afastar-se delas trazia enorme culpa, além de um novo sentimento de “anormalidade”, visto que contrariava a natureza, o que só podia ser explicado como desvio ou patologia.
Acompanhando essa valorização da maternidade, o papel paterno experimentou, também, a partir do século XVIII, alterações marcadas pelo forte declínio de seu valor. Nas camadas populares da sociedade, a ausência paterna e o descumprimento de suas funções foram progressivamente assumidos pelo Estado através de suas instituições. Nas camadas abastadas, foi o discurso do especialista que acorreu à família oferecendo novo padrão de atitudes.
Sobre isso, Donzelot (1986), considerou que o movimento de isolamento da família em relação à comunidade concorreu para sua progressiva fragilização, especialmente agravada quando a autoridade paterna teve seu poder atenuado diante da valorização da mulher como educadora e aliada do poder médico. Foram então os especialistas – no início os médicos higienistas, depois os pedagogos, os psiquiatras e mais tarde os psicólogos e psicanalistas – que, através de suas intervenções, contribuíram para a construção de normativas destinadas a regular a vida familiar e individual, as quais passaram a ser seguidas não mais a partir da imposição ou do receio da punição, mas pelo desejo cultivado e orientado de uma vida normal e saudável.
A Transformação dos Cuidados Maternos no Brasil: do Período Colonial à Constituição do Estado Moderno
Enquanto na Europa o processo que modificou a intimidade e os sentimentos em relação à vida familiar acompanhou a constituição dos Estados modernos, acentuando-se a partir do período das revoluções liberais, no Brasil o mesmo processo seguiu a passagem do território da condição de colônia a nação. Nesse sentido, compreender as características da vida familiar e dos sentimentos relativos à maternidade naquele período envolve correlações entre a própria estrutura da colonização moderna e as manifestações de intimidade. De acordo com Algranti (1997), entre os séculos XVI e XVIII, a organização familiar colonial foi marcada pelos mesmos elementos que influenciaram profundamente a formação da sociedade brasileira.
Nos núcleos urbanos, o que se nota é uma sociabilidade que corre de modo predominantemente fora de casa, pautada por um mundo em que todos se conhecem, e em que se identificam socialmente pelas suas vestes, pelos ofícios. (...) No mundo rural, as grandes distâncias e o isolamento nem sempre favoreceram a intimidade, quer pela presença de muitos escravos nos latifúndios, quer pelo próprio caráter das relações de dominação típicas da sociedade colonial.(Algranti, op. cit., p.152).
No ambiente doméstico, notava-se uma indefinição de espaços privados. No interior da casa, trabalho e convivência familiar sobrepunham-se, e pouca ou nenhuma distinção se fazia no uso dos cômodos. Nas atividades cotidianas, geralmente relacionadas à subsistência, senhor e escravo conviviam lado a lado. Também no cuidado com a criança, nenhuma indicação restou de que lhe fosse reservado um espaço ou uma forma de tratamento que a diferenciasse dos demais membros da família. Além da dificuldade em delimitar-se uma vida privada nesse período, estudos atuais questionam a existência de uma forma única assumida pela família na colônia, tanto se for considerada toda a extensão temporal do período colonial (mais de três séculos) quanto ao levar-se em conta a diversidade da ocupação do território na mesma época, que se desenvolvia de forma variada conforme a região.
Tantas foram as formas que a família colonial assumiu, que a historiografia recente tem explorado em detalhe suas origens e o caráter das uniões, enfatizando-lhe a multiplicidade e especificidade em função das características regionais da colonização e da estratificação social dos indivíduos (Algranti, 1997, p.87).
No Brasil, assim como na Europa, o desenvolvimento da organização e dos sentimentos presentes na família moderna, incluindo aqueles relacionados à maternidade e aos cuidados maternos, foi marcado pelas intensas modificações ocorridas pela ascensão burguesa no final do século XVIII, embora aqui revestidas de características específicas à condição de país-colônia que se vê subitamente elevado à sede do governo português. Com a transferência da família real e de toda a corte para o Rio de Janeiro no início do século XIX em conseqüência da instabilidade política vivida pelos regimes absolutistas na Europa, a administração portuguesa desenvolveu um novo tipo de interesse pelas cidades brasileiras. Nesse movimento, promoveu-se uma “reeuropeização” dos costumes coloniais pela transposição, para o Brasil, de hábitos relativos a uma cultura gestada na Europa. Aliados à mulher e à criança, valorizando a “família amorosa”, durante o século XIX, os higienistas auxiliaram a família brasileira a assimilar novos valores, nuclearizando-se e urbanizando-se.
Sob a influência das idéias de Foucault e seguindo o trabalho de Donzelot, Costa (1989) analisou a modificação de costumes e o processo de higienização da família no Brasil, entre os séculos XVIII e XIX, que acompanharam a transformação da família colonial. No movimento de progressiva “estatização” dos indivíduos, produziu-se o que o autor denominou “família colonizada”. O processo ter-se-ia dirigido exclusivamente às famílias de extração elitista, não atingindo as camadas menos favorecidas economicamente (que incluíam os escravos), embora o autor reconheça que o modelo familiar dele resultante tenha-se mostrado fortemente hegemônico por um longo período na sociedade brasileira.
Segundo Costa, o novo Estado brasileiro encontrava na família colonial um forte obstáculo à sua consolidação, em razão das características que esta foi adquirindo durante o extenso período subseqüente ao descobrimento até o século XVIII. Tendo-se instalado à distância do governo central, o colono estabeleceu-se como praticamente o único responsável pela ocupação do território; a intervenção da coroa portuguesa apenas ocorria em situações graves, de ameaça ao seu poderio. Nessas condições, “a família ‘latifundiária’ acumulou uma massa de poder que, em breve, competia com o poder da metrópole” (Costa, op. cit., p.36). Entre as principais características da família colonial, encontrava-se a valorização do poder paterno. A mulher e os filhos, assim como os demais membros da parentela, interessavam apenas enquanto elementos a serviço do patriarca, e viam na figura do homem não só o protetor, como o patrão, uma vez que a casa colonial funcionava como pequena unidade de produção, dependendo minimamente de outras instâncias para organizar a satisfação de suas necessidades de consumo.
A higienização das cidades, estratégia do Estado moderno, esbarrava freqüentemente nos hábitos e condutas que repetiam a tradição familiar e levavam os indivíduos a não se subordinarem aos objetivos do governo. A reconversão das famílias ao Estado pela higiene tornou-se uma tarefa urgente dos médicos. (...). No curso do Segundo Império, sobretudo, a medicina social vai dirigir-se à família ‘burguesa’ citadina, procurando modificar a conduta física, intelectual, moral, sexual e social dos seus membros com vistas à sua adaptação ao sistema econômico e político.(Costa,1989, p.30-33).
No Brasil, para esse autor, o processo de “estatização dos indivíduos” teve sobre a mulher um efeito específico: sua redução à figura da “mãe higiênica”. Essa nova condição, contudo, só foi possível através da aliança da família com o poder médico. Dessa forma, tanto aqui como na Europa, para a produção da “mãe higiênica”, foi fundamental o discurso higienista, no ataque tanto ao aleitamento mercenário (no Brasil realizado por escravas) como responsável pela mortalidade infantil, quanto à suposta deformação moral das crianças pelo cuidado e convivência com amas e lacaios negros.
O comportamento comum na sociedade da época, de recusa ao aleitamento materno. foi codificado também no Brasil pelo discurso higiênico como uma infração às leis da natureza, o que permitiu não somente a culpabilização das infratoras, mas a instalação de um sentimento de anomalia. Além disso, a insistência quanto à amamentação permitiu que se regulasse a vida da mulher, confinando-a por um longo período ao ambiente doméstico (os períodos de aleitamento se estendiam por dois anos ou mais), porém voltando sua atenção ao cuidado, à educação e à vigilância não só da criança como também da família. Também aqui, os cuidados maternos passam a ser valorizados e esse novo olhar sobre a criança possibilitou a manifestação do “amor materno”, que tornou-se não somente desejável como “natural”. Assim, por todo o século XIX, deu-se a adaptação do modelo de família burguesa européia à sociedade colonial brasileira que, com o auxílio dos médicos higienistas, adquiriu aqui um “colorido tropical”.
A Família Contemporânea e a Constituição da “Nova Maternidade”
Cabe agora refletir acerca das condições de maternagem e das características que o sentimento materno vem assumindo na sociedade contemporânea. O papel da mulher no cuidado com os filhos, segundo Chodorow (1990), tornou-se, no último século, tanto mais exclusivo quanto menor se tornava a determinação biológica para a maternidade. Enquanto as taxas de natalidade caíam, a escolarização das crianças tornava-se mais precoce e as mulheres mais presentes no mercado de trabalho, tanto mais crescia a ideologia da “mãe moral”.
Nos Estados Unidos, o período capitalista inicial produziu uma ideologia da ‘mãe moral’: as mulheres burguesas deviam agir ao mesmo tempo como educadoras e modelos morais para seus filhos, assim como alimentadoras e guias morais para seus maridos na sua volta do mundo de trabalho imoral e competitivo. (Chodorow, op.cit., p.19).
Diante disso, pode-se afirmar que a autora indica a psicologia e a sociologia pós-freudianas como importantes fontes dos argumentos que contribuíram para a idealização e o reforço do papel materno, na medida em que enfocaram a relação mãe-bebê como decisiva no desenvolvimento da criança. Com relação a esse aspecto, cabe lembrar que autores como Klein (1986) e Winnicott (1983, 1988a, 1988b, 1993a, 1993b) dedicaram-se exaustivamente ao estudo das chamadas relações objetais primitivas. É fundamental, no trabalho de Winnicott, tanto a valorização do ambiente no desenvolvimento infantil, quanto o delineamento da figura da “mãe dedicada comum”, definida como aquela capaz de “promover a integração das características próprias de cada criança, diferenciando cada bebê de outro, a partir do apoio encontrado no ego materno que age como facilitador da organização do próprio ego do bebê” (Winnicott, 1988b, p.494).
Construído predominantemente em conformidade com uma perspectiva centrada no indivíduo, o discurso psicanalítico passou a ser disseminado amplamente na sociedade contemporânea, muitas vezes de forma pouco crítica. Estudos brasileiros realizados na década de 80 tematizando a família e as modificações ocorridas nos processos de subjetivação (Salem,1985; Lo Bianco,1985; Almeida,1987), associaram tais mudanças às alterações observadas na realidade concreta e apontaram para a influência do discurso da Psicanálise nesse movimento. Essa influência, denominada por alguns autores de “cultura psicanalítica”, teria contribuído para que aos papéis materno e paterno fosse acrescida uma perspectiva cada vez mais individualizante.
Salem (1985), entrevistando casais logo após o nascimento do primeiro filho, investigou as modificações na constituição desses papéis em função da maneira como os mesmos casais vivenciavam a gestação, ou seja, na efetivação de um projeto que denominou “casal grávido”. Segundo essa autora, na década de 80, as representações de maternidade/paternidade deixam de ser percebidas como auto-evidentes e passam a ser vistas como situações sujeitas à elaboração e discussão pelo casal. Esse processo exige forte investimento emocional do homem e da mulher, que devem buscar uma “nova maternidade” e uma “nova paternidade” correspondente. Na referida construção, a valorização do compromisso emocional do casal com a criança intensifica-se, iniciando-se já na gravidez. A participação do pai no parto e nos cuidados com o bebê surge como elemento fundamental dessa experiência. Quanto à mulher, valoriza-se a dedicação total à criança, dispensando-se o auxílio de enfermeiras, babás ou mesmo da família. O casal, portanto, deve assumir todos os cuidados com o bebê, desde o início.
De um ponto de vista formal, esse arranjo contém um sabor de ‘déjà vu’: de fato, suas coincidências com a retórica rousseauniana sobre a ‘boa mãe’ são patentes. Contudo, há uma autoconotação vanguardista reclamada pelos casais grávidos: ela não apenas se ancora na ênfase à participação do homem desde a gravidez como também se afirma a partir do diálogo que estes casais estabelecem com a geração precedente. (Salem, 1985, pp.41-42).
Quanto ao último aspecto, estrutura-se uma nova ideologia educacional que aponta as famílias de origem do casal como modelo negativo, ao mesmo tempo em que se ancora em valores como o afeto, a atenção à subjetividade e a um relacionamento mais igualitário e livre entre pais e filhos. O projeto do “casal grávido”, entretanto, só faz sentido dentro do ideário do grupo social a que pertencem esses indivíduos, segundo o qual a própria representação de casal baseia-se na ética da igualdade entre gêneros , “mas está também comprometido com outras ondas ideológicas igualmente significativas, como a recente valorização do subjetivo, do emocional e dos aspectos psicológicos individuais “(Salem, op.cit., p.41).
Portanto, Salem considera que pela dificuldade da efetivação desse projeto, embora destaque que, na tentativa de sua implementação, sejam significativas as revisões efetivadas pelos casais com relação aos papéis materno e paterno. Aponta também para a importância dos médicos obstetras, psicólogos e outros técnicos envolvidos no acompanhamento do casal. Estes, ocupando um lugar que anteriormente era da família extensa, reforçariam a contração da sociabilidade do casal, o que progressivamente demandaria maior dependência dos mesmos especialistas. Em sua análise, a autora inclui o processo no contexto mais amplo das modificações socio-culturais que alteraram o papel materno, pela modificação do próprio papel da mulher e da família nas últimas décadas do século XX. Se, nos últimos dois séculos, o papel feminino foi marcado por uma relativa estabilidade e por sua redução ao papel materno, na década de 80, embora essa vinculação não tenha desaparecido, passou a mostrar-se menos estável no contexto de algumas classes sociais, particularmente nas camadas urbanas mais jovens.
De acordo Lo Bianco (1985), já não era mais possível pensar o papel materno como o único disponível para as mulheres, embora permanecesse quase obrigatório e claramente central. Percebia-se, então, “uma ênfase simultânea na importância e obrigatoriedade da maternidade e na importância e possibilidade de desempenho em outros papéis não relacionados ao ser mãe.” (Lo Bianco, 1985, p.97). Essa dupla ênfase passou a traduzir-se em uma experiência contraditória e ambivalente em relação ao papel materno. A psicologização do feto teria surgido no contexto dessa ambivalência como tentativa de recriar a experiência materna em novas bases. Do mesmo modo observado por Salem (1985) nos relatos das experiências de “casais grávidos”, para as mulheres entrevistadas por Lo Bianco mostrava-se fundamental preservar o valor da maternidade sem torná-la reprodução da forma como vinha sendo tradicionalmente vivenciada por outras mulheres.
Há uma ênfase acentuada nesta relação (mãe-bebê), mas as normas para alcançá-la não são claras. Há, pois, que buscá-las já, desde antes de a maternidade tornar-se uma possibilidade concreta. Assim, a gravidez torna-se tema de escrutínio, e tudo que diz respeito a ela é remetido à ordem dos sentimentos e preocupações para com o feto. Este, por seu turno, é visto como respondendo às atitudes maternas com grande autonomia, isto é, fazendo valer suas supostas características psíquicas. (...) É ainda considerado parceiro de um diálogo e sujeito-objeto de vigilância cuidadosa e detalhada. (Lo Bianco, 1985, pp.110-111).
Embora valorizada e extremamente investida afetivamente, a gravidez não podia tornar-se central e exclusiva na vida das mulheres, o que representaria um retrocesso à forma tradicional de vivenciá-la; o papel feminino deveria conter a maternidade, sem deixar-se englobar por ela. Contrariando tamanha ênfase na gestação e no feto, surgia nas mulheres das classes médias uma freqüente irritação ao verem-se reduzidas ao papel materno, mesmo quando isso ocorria através de gentilezas e concessões à sua condição de gestante. Mesmo o tradicional vestuário de grávida era recusado, tendência que se confirmou posteriormente, até o total desaparecimento de trajes específicos da gravidez. Na década de 90, a exibição da barriga popularizou-se, porém sempre associada a roupas que traduzissem juventude adolescente e um padrão de elegância (ou extravagância) típico de mulheres não-grávidas.
Almeida (1987), também se propôs a discutir a situação da família brasileira no contexto de mudança social e cultural acelerada, buscando captar os elementos que conduziriam à construção desse novo modelo de maternidade, alternativo ao padrão vigente e que a autora denominou “paradigma alternativo”.Em seu trabalho, identifica um processo de nuclearização da família orientado pela ideologia individualista, segundo a qual a experiência de maternidade diria respeito somente ao casal e, em última instância, à vivência pessoal da mulher. Na década de 80, as mulheres passaram a vivenciar o que a autora denominou “sentimento moderno de maternidade”. A família deixou de ser a principal referência na constituição deste modelo, sendo substituída pelo especialista ou por grupos de pares. A diferença desaparece como princípio lógico e exclusivo na organização das experiências sociais e familiares: homem/mulher, pai/mãe, marido/esposa, adulto/criança deixaram de ter seus papéis sociais estabelecidos apenas a partir de diferenças sexuais e de uma estruturação hierárquica.
Na experiência pessoal, a vivência da gravidez não era mais percebida como qualitativamente diversa do período não-grávido, levando ao desaparecimento das distinções quanto à rotina, postura, vestuário. A presença do marido em todos os momentos da gestação passou a ser valorizada. A gestação, para essas mulheres, passava a ser percebida como escolha pessoal, devendo ser problematizados todos os aspectos relacionados à sua evolução.
Almeida também destaca a relação estabelecida pelas mulheres nos anos 1980 com o que chamou de “profissionais da gravidez”. Se, anteriormente, o acompanhamento da gestação restringia-se ao obstetra, uma série de outros profissionais inseriu-se nesse processo: na época, passaram a estar presentes especialistas em Psicologia e em trabalhos de corpo aplicados à gravidez e ao parto. Esses profissionais tornaram-se responsáveis, junto às mães, pela construção e divulgação de um “paradigma alternativo” na concepção de maternidade.Em sua visão, o novo paradigma mostrava-se essencialmente reativo aos antigos valores e crenças, que passaram a ser atacados e atingidos basicamente através de seus representantes - a família de origem, a ideologia médica tradicional, mas também outras gestantes contemporâneas que não se filiavam ao novo modelo. Uma postura de afastamento e crítica (superficial) era favorecida, especialmente através dos profissionais “psi” que, junto aos grupos de pares, passavam a ser tomados como sede de estabelecimento de novos valores, supostamente porque incentivariam a emergência de um desejo individual em relação à maternidade.
Para Almeida (1987), essa atitude dos especialistas conteria, na verdade, um padrão disciplinador sutil. A ideologia alternativa não seria, contudo, percebida como tal, confundindo-se com a crença na aquisição de modalidades de liberação frente a condutas e valores antigos. Tais relações estariam compreendidas, portanto, em um campo rigorosamente disciplinar; sua “novidade” estaria no fato de essas estratégias de controle e convencimento serem percebidas como concernentes ao desejo do próprio sujeito, o que favoreceria grandemente a adesão às normativas.
Se, na década de 80, os efeitos de uma progressiva individualização e “psicologização” das relações na sociedade se fizeram sentir de maneira mais aguda nas camadas urbanas da população, intelectualizadas e familiarizadas com o universo de valores da classe média, nos últimos anos, a participação de profissionais “psi” em trabalhos dirigidos a outras camadas sociais acentuou-se. O aumento dessa participação deu-se, em parte, em função do empobrecimento geral da população durante os anos críticos da década de 90, obrigando esses profissionais a dirigirem-se a outros campos de trabalho além do consultório particular. Ocorreu também a partir do crescimento assombroso no número de profissionais das áreas “psi” no mercado, em função do fenômeno conhecido como “boom da Psicanálise” nas décadas anteriores.Esse momento trouxe, entre outras coisas, um aumento na procura por cursos de formação em Psicologia e por instituições de formação de psicanalistas ou terapeutas de orientação analítica.
O fato é que a penetração dessa forma de discurso favorecia e era favorecida pela ordem econômica vigente. A presença de profissionais “psi” nos meios de comunicação de massa tornou-se cada vez mais freqüente, veiculando conselhos e orientações através de jornais, de revistas e da televisão. Suas abordagens, muitas vezes conferindo grande valor aos aspectos subjetivos das relações e ao desenvolvimento da individualidade, estimularam um aporte individual para questões nas quais o contexto socioeconômico e político do País mostrava-se fortemente implicado. O mesmo tipo de abordagem permitia ainda a generalização de alternativas específicas a um determinado contexto populacional para toda a sociedade.
Além disso, a partir do final da década de 1970, um amplo movimento mundial no campo da saúde modificou a maneira como os serviços de atenção à população se organizavam, propondo a revisão do próprio conceito de saúde. O advento do chamado “paradigma biopsicossocial”, preconizando um novo tipo de intervenção através das equipes multiprofissionais, levou um grande número de psicólogos a atuações relacionadas aos setores básicos (chamados primários e secundários), ampliando intervenções antes dirigidas somente às instituições psiquiátricas para atingir as unidades básicas de saúde, os ambulatórios e hospitais gerais. A Psicologia, acompanhando a Medicina, passou a ter lugar em inúmeros programas de saúde pública, colaborando na organização de novas (novas?) formas de cuidado dispensado aos indivíduos.
Em outro extremo, o progresso científico proporcionado pela Medicina e pela tecnologia de ponta nas últimas décadas, aliado às transformações do papel da mulher na sociedade (evidenciadas especialmente a partir do movimento feminista), tem trazido novas e importantes questões para a família que certamente repercutirão em novas possibilidades de configuração subjetiva. A mulher, depois de conquistar a liberdade de exercer sua sexualidade desvinculada do matrimônio, de planejar e decidir a maternidade, de adiá-la até o momento que considera propício às circunstâncias de sua vida, de interromper uma gestação por meios seguros (embora ilegais no Brasil), pode também optar por viver a maternidade sozinha, sem que isso signifique uma condenação social. Porém, mais que assumir a maternidade fora da condição do casamento, hoje a mulher pode tornar-se mãe sem depender da presença concreta de um companheiro, podendo fazê-lo amparada pelos avanços das técnicas de fertilização assistida. Essas novas tecnologias reprodutivas permitem a gestação em condições anteriormente impensáveis, tanto do ponto de vista médico quanto social. Aliadas a esses avanços, as técnicas de cuidados a recém-nascidos que reduzem drasticamente a mortalidade de crianças, mesmo quando nascidas muito prematuras ou gravemente doentes, certamente repercutirão na organização familiar e nos sentimentos relacionados à maternidade.
Segundo Chauí (1982), será mais uma vez o discurso do especialista a auxiliar a família diante das novas alternativas de relação e de constituição subjetivas, que se inserem no campo do imaginário antes mesmo de se tornarem uma possibilidade concreta para a sociedade. Ao psicólogo certamente caberá algum papel, uma vez que são justamente os processos de subjetivação o terreno privilegiado de seu trabalho. O exercício de sua função de forma crítica e reflexiva quanto aos fundamentos e conseqüências desses processos mostra-se essencial, sob pena de que seu discurso se reduza, como outros tantos, ao discurso da competência.Para essa autora, o “discurso competente” é o discurso instituído, cuja finalidade seria dissimular, sob uma capa de cientificidade, um trabalho ideológico de identificação de todos os sujeitos sociais com uma imagem particular e universalizante. A condição essencial para o prestígio e a eficácia do discurso da competência consiste na afirmação da incompetência dos homens como sujeitos políticos e sociais válidos, ou seja, para sua disseminação, é preciso que haja apenas homens reduzidos à condição de objetos sociais.
Portanto, para Chauí (1982), o discurso competente realiza, assim, um duplo movimento: ao mesmo tempo em que afirma a incompetência dos homens, entra em cena para devolver-lhes alguma competência, cientificamente embasada, porém realizada de forma individualizante. “Invalidados como seres sociais e políticos, os homens seriam revalidados por intermédio de uma competência que lhes diz respeito enquanto sujeitos individuais ou pessoas privadas” (Chauí, op. cit., p.12).
Desta forma, a competência lhes é devolvida, portanto, na forma de uma série de discursos que ensinarão a cada um como lidar com o mundo e como se relacionar com o outro. Longe de promover um saber verdadeiro, uma reflexão autêntica sobre si mesmo e a realidade, os discursos da competência divulgam conhecimentos, ao mesmo tempo em que apagam diferenças, anulam as contradições e fazem desaparecer o novo, o diverso. Na verdade, para o discurso competente (como discurso ideológico), o “novo” só interessa quando perde seu poder instituinte, tornando-se inócuo, infértil.
As novas questões trazidas à família na contemporaneidade, especialmente no que diz respeito às concepções acerca da maternidade das quais trata este artigo, podem tornar-se elementos instituintes, disparadores de novos processos de subjetivação que, nas palavras de Deleuze (1992, p.217), “só valem na medida em que, quando acontecem, escapam tanto aos saberes constituídos como aos poderes dominantes”. Essas mesmas questões podem, no entanto, ser capturadas pelo intenso processo de modelação, de instituição de valores, que tem no especialista um importante elemento para sua efetivação. O lugar do especialista não é, porém, uma determinação: podemos posicionar-nos de outro modo, fazendo de nosso trabalho uma oportunidade de criação e de ruptura com o instituído, um espaço de sua permanente desconstrução.
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