sábado, 25 de junho de 2011

O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO: PONTOS CONVERGENTES E DIVERGENTES

O diagnóstico psicopedagógico é um instrumento que investiga os elementos que se interpõem no processo de aprendizagem do sujeito. Pois, podemos pensar que o sujeito aprendente encontra-se num espaço temporal, dimensional e existencial permeado de suposições sobre o eu orgânico, o eu emocional, o eu mental, o eu psíquico, o eu energético. Impressões que são mediatizadas pelo outro – a família, a escola, a religião, o estado - e transformadas em mitos, meias-verdades refletidas nos espelhos das verdades do outro, espaços do eu que por vezes são intangíveis, mas que de alguma forma são organizados pelas estruturas cognitivas. Nesse processo de compreensão e contextualização da realidade alguns percalços podem ser visíveis já que com a percepção obnubilada o sujeito se mistura nessas impressões e necessita ser reconduzido em sua trajetória pessoal investido da energia necessária para o saber de si, do outro e do mundo. Alguns métodos de diagnóstico podem ser comuns às duas vertentes da atuação psicopedagógica, como é o caso da aplicação da técnica projetiva Parelha Educativa que objetiva pesquisar o vínculo que aluno mantém com a aprendizagem; Aplicação da EOCA que permite a observação e análise do sintoma através da temática, da dinâmica e da produção do sujeito ou do grupo; A utilização do Quadro Auxiliar que visa facilitar o acesso às informações obtidas no decorrer do processo diagnóstico, podendo ser adaptado conforme as necessidades de cada profissional; O Encaminhamento, a Devolutiva ou o Informe Psicopedagógico que são utilizados como fechamento da seqüência diagnóstica do psicopedagogo tanto no âmbito da clínica como da instituição.
 Os aspectos divergentes deste trabalho são observáveis quando levamos em consideração que: Na instituição o psicopedagogo atua reestruturando a função desta junto aos envolvidos, identificando sintomas bloqueadores do processo ensino-aprendizagem, redimensionando as vias e os mecanismos de aquisição dos conhecimentos, bem como administrando ansiedades e conflitos que refletem no dinamismo intergrupal.  Os aspectos convergentes podem ser ressaltados quando se constata que:
Tanto o psicopedagogo com atuação na instituição quanto o psicopedagogo com atuação na clínica realizam intervenção utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia; Atua na prevenção dos problemas de aprendizagem; Desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de aprendizagem e seus problemas; Tem como objetivo devolver ao sujeito o prazer de aprender e criar estratégias de resgate e exercício da autonomia; Orienta, coordena e supervisiona cursos de especialização de Psicopedagogia, em nível de pós-graduação.
 E o que tem o diagnóstico psicopedagógico com tudo isto? O diagnóstico psicopedagógico é um processo sistêmico que tem um caráter dialético, e busca entender causas, a partir de uma sintomatologia, que leva às intervenções pertinentes a fim de produzir o equilíbrio do sujeito em análise ou da instituição pesquisada. O diagnóstico psicopedagógico se reveste de plasticidade e reversibilidade já que pode ser revisado no contínuo do seu movimento. As intervenções se dão a partir de uma postura investigadora do psicopedagogo seja na clínica ou na instituição. Diante disso, a  Psicopedagogia com seu aparato teórico, poderá se constituir na ciência das probabilidades do ser, que oportuniza reflexões profundas quanto à construção dos saberes construídos e constituídos na história do indivíduo e dos sujeitos enquanto organismos institucionais; saberes que se encontram entrelinhados nas multidimensões do ser – aprendente/ensinante/aprendente - seja mediatizados numa terapêutica individual seja numa intervenção a partir de operatividade intergrupal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABRAMOVICH, Fanny. Quem educa quem? São Paulo, Círculo do Livro, 1985.
BARBOSA, Laura Monte S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba, Expoente, 2001.

BARONE, Leda M. C. De ler o desejo, ao desejo de ler: uma leitura do olhar do psicopedagogo. Rio de Janeiro, Vozes, 1994.

BOSSA, Nádia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artmed, 2000.

CARLBERG, Simone. A Psicopedagogia institucional: uma práxis em construção. Curitiba, 1998. Apostila.

CERATO, Sônia. A ciência conscienciologia e as ciências convencionais. Rio de Janeiro, IIPC, 1998.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.

WEIS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A editora, 2004.

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