PALAVRAS- CHAVE: Alfabetização; Letramento
terça-feira, 14 de maio de 2013
Alfabetização e Letramento: semelhanças e diferenças.
Não é novidade que o Brasil ainda enfrenta o problema do analfabetismo,
tanto de crianças que saem da escola e de outros que não tiveram a oportunidade
de se apropriarem do saber da leitura e escrita. O fato é que o nosso país
possui ainda um número significativo de indivíduos que não adquiriram o saber
necessário para atender às exigências de uma sociedade letrada. Pode-se
dizer que ‘ler’ é adentrar outros mundos, através da imaginação e criatividade;
é questionar a realidade em que se vive para poder compreendê-la melhor; é
distanciar-se do texto e assumir uma postura ‘crítica’ frente ao que de fato se
diz e ao que se quer dizer; é assumir a ‘cidadania’ no mundo da cultura
escrita. Desta forma, o ato de ler deve começar a partir de uma abrangente
compreensão do ato de ler o mundo, o que os seres humanos fazem muito antes de
decodificar a palavra escrita. Até mesmo pela história, os seres humanos
primeiramente mudaram o mundo, depois o revelaram e a seguir escreveram as
palavras. O tratamento que a escola vem dando à leitura pode estar sendo
perigoso, pois corre o risco de assustar as crianças, ou seja, distanciando-as
da leitura, ao invés de aproximá-las. A alfabetização tem estado desligada dos
propósitos que de fato lhe dão sentido, ou seja, é preciso que se mostre sua
relevância social, uma vez que se deve considerar como condição necessária para
a aprendizagem: a construção de sentido, com objetivos claros e função social.
A escola tem uma missão específica: os objetivos do conhecimento. Nesse caso, a
leitura deveria ser seu objeto de ensino. Leitura é antes de tudo um objeto de
ensino, mas deve se constituir também como um objeto de aprendizagem. Ler é
muito mais que a simples decodificação de códigos ou símbolos lingüísticos,
pois para que realmente haja leitura, é preciso que se recorra aos
conhecimentos prévios sobre determinados assuntos, para que com eles se possam
construir novas estratégias, que permitam uma maior reflexão e construção de
significados. Ler é um ato de interpretação de códigos, símbolos, desenhos, gráficos,
sinais, palavras, frases, enfim, de toda e qualquer forma de expressão de
pensamento e sentimento humano. Além da
leitura e escrita, no âmbito da alfabetização, tem surgido a temática do
‘letramento’, relacionada às práticas sociais orais e escritas, que atravessam
e condicionam o movimento dos sujeitos, determinando seus espaços de ação. O
fato é que em sociedades como a nossa, a linguagem escrita acaba por se
instituir como um cinturão de poder, onde algumas pessoas ficam dentro desse
cinturão e muitas ficam de fora. Nesse caso, os usos e funções sociais da
escrita, estão distribuídos como se fossem ‘bens econômicos’, de uma forma
desigual, o que demonstra que mesmo com pessoas com anos de escolarização,
acabem por não terem acesso ao ‘conhecimento’ e ao uso de determinados gêneros
textuais. Pode-se então dizer que ‘são pessoas alfabetizadas, mas não
letradas’, isto é, com acesso ‘interditado’ a determinados modos de
funcionamento da linguagem. Pessoas que fazem uso da linguagem escrita, em
geral, em situações simples, ligadas ao cotidiano, a tarefas de ordem prática
como - ler e escrever o próprio nome/ um pequeno bilhete ou lista - fazendo
assim, um uso reduzido da linguagem escrita. Assim, a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou
grupo. Enquanto o letramento “focaliza os aspectos sócio-históricos da
aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (TFOUNI, 1995), e ainda, é o
estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce
as práticas sociais que usam a escrita. Desta forma, um indivíduo
alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele
indivíduo que sabe ler e escrever; enquanto que letrado é aquele que sabe ler e
escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da
escrita. Assim, alfabetizar letrando seria ensinar a ler e escrever no contexto
das práticas sociais, compreendendo as funções sociais da leitura e da escrita,
onde o educando deve ser alfabetizado e letrado. Diante disso, a linguagem é um
fenômeno social, estruturada de forma grupal e ativa, do ponto de vista social
e cultural. Portanto, a palavra letramento é utilizada no processo de inserção
dentro de uma cultura letrada. Na intenção de compreender os caminhos
percorridos (ou perdidos) para a transformação da escolarização, considera-se a
hipótese de que o despreparo e desinformação dos profissionais e, ainda, dos
acadêmicos da área de educação, promovem a distância entre a assimilação
prática e conceitual do letramento. De qualquer forma, o que interessa no âmbito deste trabalho, é de
informar descritivamente sobre alfabetização e letramento, quanto a etimologia
do segundo termo, o seu surgimento e as suas diversificadas práticas sociais,
bem como o seu abarcamento, suas dimensões e o mais intrigante, como estar
desenvolvendo-o na sala de aula, pois o preparo dos educadores proporcionará
alterações no ensino e na aprendizagem dos educandos , desenvolvendo assim
o letramento de ambos os envolvidos.
este trabalho visa dar um suporte para educadores que desejam construir e
reconstruir suas propostas pedagógicas, informando-se para gerar conhecimento
crítico e analítico quanto às atividades do letramento versus a pedagogia
mecânica e institucional por tanto tempo praticada nas escolas. Pretendeu-se
ainda, reformular e construir a compreensão acerca das bases teóricas da
aprendizagem, além de possibilitar uma reflexão sobre a visão de mundo e de
alfabetização, para que incorporem uma nova educação para crianças, para jovens
e adultos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário