A escola é muito importante na
formação dos sujeitos em todos os seus aspectos. É um lugar de aprendizagem, de
diferenças e de trocas de conhecimento, precisando, portanto atender a todos
sem distinção, a, fim de não promover fracassos, discriminações e exclusões.
Diferente dos ouvintes, grande
parte das crianças surdas entram na escola sem o conhecimento da língua, sendo
que a maioria delas vem de famílias ouvintes que não sabem a língua de sinais,
portanto, a necessidade que a LIBRAS seja, no contexto escolar, não só língua
de instrução, mas, disciplina a ser ensinada, por isso, é imprescindível que o
ensino de LIBRAS seja incluído nas séries iniciais do ensino fundamental para
que o surdo possa adquirir uma língua e posteriormente receber informações
escolares em língua de sinais.
O papel da língua de sinais na
escola vai além da sua importância para o desenvolvimento do surdo, por isso,
não basta somente a escola colocar duas línguas nas classes, é preciso que haja
a adequação curricular necessária, apoio para os profissionais especializados
para favorecer surdos e ouvintes, a fim de tornar o ensino apropriado a
particularidade de cada aluno. Sobre isso Skliar menciona:
Segundo SKLIAR (2005, p. 27): “
Usufruir da língua de sinais é um direito do surdo e não uma concessão de
alguns professores e escolas”.
A escola deve apresentar
alternativas voltadas ás necessidades lingüísticas dos surdos, promovendo
estratégias que permitam a incursão e o desenvolvimento da língua de sinais
como primeira língua.
As diferentes formas de
proporcionar uma educação à criança de uma escola, dependem das decisões
político-pedagógicas adotadas pela escola. Ao optar por essa educação, o
estabelecimento de ensino assume uma política em que duas línguas passarão a
ser exercitadas no espaço escolar.
Preparação dos profissionais
Deve-se pensar em uma preparação
para os profissionais para incluir crianças com necessidades especiais no
ensino fundamental, pois nesse processo, o educador irá estar diretamente
interligado com esses alunos favorecendo o desenvolvimento das habilidades para
a prática pedagógica, com o auxílio de um programa assistencial infantil, que
atende essas crianças, que obrigatoriamente deve estar presente na escola.
Quando ocorre o preconceito da
sociedade quanto ao deficiente auditivo, é preciso que haja educadores
qualificados e ambiente adequado para o atendimento aos alunos amenizando essa
problemática, dando importância à perspectiva de atender as exigências da
sociedade que só alcançará seu objetivo quando todas as pessoas tiverem acesso
à informação e conhecimento necessário para a formação de sua cidadania.
Em meio a discussões sobre os
questionários aplicados a profissionais na escola Geraldo Caldani, releva que
para o desempenho das atividades pedagógicas em relação às crianças com
deficiência auditiva, devem receber assessoramento da equipe pedagógica e de
intérpretes que atendem as necessidades dos alunos surdos inclusos no ensino
regular.
A inclusão do deficiente auditivo
deve ser integral, acima de tudo, digna de respeito e direito a educação com
qualidade atendendo aos interesses individuais e nos grupos sociais. Já a educação especial passa por uma
transformação em termos da sua concepção e diretrizes legais. É preciso
estabelecer um plano de ação político-pedagógico que envolva a inclusão das
pessoas portadoras de necessidades especiais. Faz-se necessário lembrar que a Educação
Especial delineia um processo de construção e compreensão de posicionamentos
quanto às orientações e diretrizes atuais.
Com o processo de inclusão dos
portadores de necessidades educativas especiais no ensino fundamental, devemos
levar em consideração que as mudanças são freqüentes, principalmente quando
consideramos que toda a nossa tradição histórica tem sido preconceituosa e
discriminativa. Quanto a isso, os profissionais sabem que existe uma grande
preocupação no rendimento escolar, por isso, o educador deve estar preparado
para lidar com situações constrangedoras, pois terá contato com diferentes
tipos de alunos.
Há ainda, uma grande preocupação
quanto a participação dos pais na escola, pois são poucos os que são presente
na educação escolar. Os mesmos, muitas vezes desconhecem a LIBRAS, pois
utilizam gestos que são reproduzidos naturalmente.
No processo de inclusão no âmbito
escolar, deverá ser feito um trabalho de conscientização que é um trabalho
essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária, na qual as
diferenças sejam consideradas e respeitadas.
As diferenças humanas
Os ouvintes são acometidos pela
crença de que ser ouvinte é melhor do que ser surdo, pois, na ótica do ouvinte,
ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade disponível para a maioria
dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma questão de mero ponto de
vista. “Um órgão a mais ou a menos em nossa máquina teria feito de nós outra
inteligência” (FAULSTICH, 2004 p.36 ).
Se não há limite entre a grandeza
e a pequenez podemos concluir que ser surdo não é melhor nem pior de ser
ouvinte, mas diferente. Esta é uma questão que merece ser amplamente discutida,
pois, estão limitadas as considerações das pessoas com necessidades especiais.
Segundo Skliar (2005) explica que falar em Cultura Surda como
um grupo de pessoas localizados no tempo e no espaço é fácil, mas refletir
sobre o fato de que nessa comunidade surgem processos culturais específicos é
uma visão rejeitada por muitos, sobre o argumento da concepção da cultura
universal.
Quanto à Língua de sinais, cabe
ressaltar a forma como os indivíduos são nela nomeados, atribuindo-se aos
sujeitos características físicas, psicológicas, associadas ou não a
comportamentos particulares, os mais variados, os quais personificam os
indivíduos. É uma língua adquirida efetivamente no contato com seus falantes.
Esse contato acontece com a participação da família, onde a cultura esta em
plena transformação e ao mesmo tempo diversifica seus hábitos e costumes que
refletem nessa cultura. Nesse sentido, é fundamental o contato da criança surda
com os adultos surdos e outras crianças com as mesmas necessidades para que
haja a interação lingüística favorável que possibilite um ambiente de
interação, quando se trata de língua de sinais.
O processo de alfabetização de
surdos tem duas enquetes a serem ressaltadas: o relato de estórias por parte da
comunidade e a produção de literatura infantil em sinais (não sistemas de
comunicação artificial, portuguesa sinalizado, ou qualquer outra coisa que não
seja a Língua de Sinais Brasileira (LSB)). Recuperar a produção literária da
comunidade surda é necessário para tornar produtivo o processo de
alfabetização.
“A educação
é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
(Constituição da República Federativa do Brasil, III, Art. 205).
Desta forma, o papel do surdo
adulto na educação se torna fundamental para o desenvolvimento da pessoa surda.
É preciso produzir estórias utilizando-se configurações de mãos específicas,
produzirem estórias em primeira pessoa sobre pessoas surdas, sobre pessoas
ouvintes, produzir vídeo de produções literárias de adultos surdos.
A educação de surdos e a educação
especial
A educação especial para surdos
parece não ser o marco adequado para uma discussão significativa sobre a
educação dos surdos. Mas, ela é o espaço habitual onde se produzem e se
reproduzem táticas e estratégias de naturalização dos surdos em ouvintes, e o
local onde a surdez é disfarçada.
A necessidade de construir um
território mais significativo para a educação dos surdos nos conduz a um
conjunto de inquietações acerca de como narramos aos outros, de como os outros
se narram a si mesmos, e de como essas narrações são colocadas de um modo
estático nas políticas e nas praticas pedagógicas. A tensão e a ruptura com a
educação especial só podem ser entendidas como estratégias para deslocar
representações e não no seu sentido linear, literal. O movimento de aproximação
com outras linhas de estudo em educação também é uma provocação para o
descentramento.
Reflexão sobre o fracasso
educacional dos surdos
A falta de compreensão e de
produção dos significados da língua oral e o analfabetismo na escola antiga, a
mínima proporção dos surdos tinham acesso a estudos de ensino superior, pois
estava escassa a qualificação profissional para o trabalho, e estes são motivos
para várias justificações impróprias sobre o fracasso na educação dos surdos.
Uma delas, está a culpabilizacao aos professores ouvintes por esse fracasso e a
localização do fracasso nos processos dos métodos de ensino – o que esforça a
necessidade de sistematizá-los ainda mais, de torná-los mais rigorosos e
impiedosos com relação aos surdos. Nesses tipos de justificações, evita-se a
denuncia do fracasso da escola, da educação e do compromisso da
responsabilidade do Estado.
Os que fracassam em relação aos
surdos são os direitos lingüísticos e de cidadania quanto, as teorias de
aprendizagem que refletem as condições cognitivas dos surdos.O que se faz
necessário quanto à presença do fracasso, é o surgimento de novas teorias e
variadas perspectivas. Chegamos à conclusão que a educação dos surdos não
fracassou, ela apenas conseguiu os resultados previstos em função dos
mecanismos e das relações de poderes e de saberes atuais.Em relação a isso
foram questionadas as formas de processo de ensino aprendizagem e quais são os
processos e as metodologias utilizadas na Escola Municipal Geraldo Caldani.
Os professores têm o auxílio
necessário da equipe pedagógica e freqüentam cursos de LIBRAS semanalmente,
utilizando sempre o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola que é adequado
para proporcionar uma metodologia diversificada e eficiente para que haja
interação entre professores e alunos em sala de aula para se obter resultados
significativos.
Também são usados recursos
visuais diferenciados com o objetivo de proporcionar melhor entendimento dos
conteúdos explanados no decorrer das aulas tanto no espaço como nos recursos
usados em sala de aula na qual possui laboratório de informática com acesso a
internet e vídeos diversificados adaptados em libras e coleção do dicionário enciclopédico
ilustrado trilíngue da LÍNGUA de Sinais Brasileira.
Reflexão sobre as potencialidades
educacionais dos surdos
A educação dos surdos pode muito
bem ser definida como uma história de impossibilidades. A reflexão sobre o
consenso das potencialidades educacionais dos surdos não deve ser
apressadamente interpretada sobre o modo como os surdos podem ser educados e
como uma conseqüência de objetivos pedagógicos a serem desenvolvidos em termos
de uma preposição metodológica.Os Estudos Surdos em Educação podem ser pensados
como um território de investigação educacional e de preposições políticas que,
através de um conjunto de concepções lingüísticas definem uma particular
aproximação com o conhecimento e com os discursos sobre a surdez e sobre o
mundo dos surdos.
A escola de surdos e o trabalho
As escolas de surdos vêm atuando
de forma direta no que se refere na formação de surdos trabalhadores. Essa
formação atua diretamente no que se refere à na disciplina do sujeito para uma
melhor adequação às necessidades do mundo do trabalho. O sentido de
aprendizagem possibilita ao aluno surdouma atividade que evita que o aluno seja
no futuro uma “carga” para a família.Fica evidenciado que os jovens alunos
surdos vinham sendo disciplinados a uma rotina que atendia ao ritmo das antigas
fábricas que surgiram na época.
O sentido de reabilitação pode
ser facilmente encontrado em diferentes projetos direcionados às questões do
trabalho nas escolas de surdos. É importante ressaltar que se a escola de
surdos atende a criança e jovens que ainda não foram inseridos no mercado de
trabalho, é equivocado falar em reabilitação, como se fosse necessário reparar
algo ou alguém que já falhou. Essas escolhas de atividades profissionais são
motivadas pela crença de muitos pais e educadores de que a informática é a
atividade ideal para os surdos. Outros projetos privilegiam ofícios que não
exigem escolaridade mais avançada, mas que possibilitam um trabalho mais
individual, sem a necessidade de contato freqüente com o público.
O compromisso assumido pelas
escolas em garantir ao seu aluno surdo uma formação para um emprego,
comprovando a eficiência do processo educacional, leva as mesmas a se
constituírem em agência de emprego. Alunos surdos e seus familiares vão até
esses profissionais na certeza de que eles irão atender seus anseios por um
emprego e pela possível independência financeira.
Segundo CARVALHO, (2004)
argumenta que surdez e problema se conectam de forma muito imediata. As
dificuldades ligadas à falta de emprego resultam em um difícil acesso a
informação adequada e aos processos de tomada de decisão, fazendo com que os
alunos surdos e familiares procurem na escola apoio e auxilio.
A visão da escola
A escola tem sido objeto para
muitos estudos e projetos educativos e sociais que determina a participação de
diferentes grupos culturais. Na Escola Geraldo Caldani, sempre ouve a
preocupação com o perfil da escola, com o disciplinamento e com a educação de
excluídos oriundos das classes populares e de grupos culturais, pois em todos
os sentidos sempre houve preconceitos.
As diferenças existentes entre
grupos culturais estão presentes na escola moderna, porém, não sabe como
trabalhar e pensar as mesmas. A escola esta preparada para uniformizar os
sujeitos que devem ser “livres”, educados e servis. Esta dificuldade em
trabalhar com essas diferenças não se observa só na escola, mas em todas as
instituições que se deparam com o crescimento material gerado pela ciência e
tecnologia.
Segundo GÓES(1999) diz que a
escola esta entre posições de direita e esquerda e que esta vem colaborando
para diminuir as diferenças. Por um lado é vista como capaz de promover o uso
da razão e da formação de alunos livres, e por outro, é vista como incompetente
por não conseguir formar cidadãos e por estar produzindo divisões entre ricos e
pobres. CARVALHO (2004) diz:
“A pesquisa educacional vem
desenvolvendo, nas ultimas décadas, um imenso arsenal de teorias,
interpretações, recomendações, prescrições, etc. que se ocupam com a crise
educacional. Com isso essas teorias tentam descrever, analisar, compreender e
até modificar a educação especial moderna. E, para isso, trazem o aporte da
Psicologia, da Filosofia, da Sociologia, da Politicologia, etc.”
Pensar a escola possibilitará os
profissionais estudar várias outra formas sociais - pedagógicas para que o
pensamento da escola passe a ver o sujeito como um ser de produção de sentidos,
valores e identidades. Precisamos questionar o papel que a escola desempenha, e
principalmente, uniformizar sujeitos para a redução de suas vidas em
“reproduzir” a realidade de outros.
Muitas são as diferenças
existentes na escola, assim como, muitas são as formas como podemos vê-las e
pensá-las, isto dependerá do interesse e posição de quem a estuda. As
diferenças culturais ou na cultura devem ser vistas e pensadas como diferenças
políticas que devem sobressair aos limites lingüísticos, de cor, raça e de
gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das variáveis observadas
nesta experiência no estudo sobre o ensino de libras na educação fundamental pode-se
OBSERVAR que a inclusão escolar e a educação dos alunos surdos, promovem
algumas modificações que devem ocorrer anterior à sua presença na escola, como
as modificações que ocorrem à medida que as especificidades são identificadas,
bem como a capacitação dos profissionais que irão trabalhar diretamente com
eles.
Desta maneira, a inclusão de
alunos surdos na sala de aula do ensino comum é uma proposta não relacionada
somente com as questões da surdez, mas com questões que envolvem uma diferença
diversificada num sentido de que outros caminhos pedagógicos devem ser
trilhados para que estes alunos possam vir a constituir-se como um sujeito
surdo pertencente a uma sociedade cuja maioria é de ouvintes. Dentre estes
ouvintes, outras diferenças também existem, pois vivemos em uma sociedade que
também não reconhece as necessidades dos ouvintes, não tem um olhar para suas
particularidades.
Esses aspectos crítico -
pedagógicos que envolvem o ensino de libras para as séries iniciais sempre
estarão sujeito a mudanças. Estas, não ocorrem de modo rápido e também não são
de fácil elaboração, pois os conceitos sobre a educação e língua de sinais,
necessitam ser reformulados e ao mesmo tempo esses novos conceitos que circulam
no interior escolar, devem ser aceitos por todos na área da educação, sabendo
que conflitarão com aqueles já existentes.
Há muito que se fazer ainda no
que se diz respeito sobre a educação especial. As instituições de ensino
precisam proporcionar mais recursos lingüísticos para os deficientes auditivos
para que eles possam se desenvolver de forma autônoma, preparando - se para os
desafios do cotidiano fazendo a diferença. Desta forma, será no cotidiano da
inclusão escolar, através das experiências e reflexões das mesmas, que se
estabelecerá no processo social, as maneiras para a inclusão e quais serão as
propostas pedagógicas utilizadas para o ensino das crianças com necessidades
educativas especiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Processo Educativo e Subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
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Campinas, SP: autores associados, 1999. – coleção (educação). contemporânea)
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene
Lúcia; RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 1
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Surdos, 2004.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais
Brasileira - Estudos Lingüísticos, 2004. Ed 1. Artmed Psipedagogi.
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene
Lúcia; RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 2
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SKLIAR, Carlos; A Surdez, um olhar sobre as diferenças. 3ª edição; ed.
Mediação – Porto Alegre – RS – 2005.
CAPOVILLA,
Fernando Cezar; RAPHAEL, Walkiria Duarte; Dicionário Enciclopédico Ilustrado
Trilíngue Língua de Sinais Brasileira; vol. II – SP – 2006
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